Os alunos e educadores da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça, de Ipuã, montaram coletivamente a I Mostra Cultural Frutos da Transformação, que revela e torna visível a qualidade dos processos vivenciados no cotidiano da Casa da Criança no ano de 2017, pelas crianças, educadores e famílias, em um processo investigativo de uma nova forma de fazer educação, um novo modo de ensinar e aprender no contexto educativo.
O Projeto Pedagógico da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça desde 2015, tem buscado inovação, através de inspiração na abordagem educativa de Reggio Emilia – Itália, proposta cinquentenária de rompimento com os padrões tradicionais de educação, criada pelo pedagogo e educador Lóris Malaguzzi, que revela a importância das Cem Linguagens da Criança e a Pedagogia da Escuta. Prática conhecida mundialmente devido o rompimento com os padrões tradicionais de educação, já que sua perspectiva inverte a relação tradicionalista entre o detentor do saber e o recebedor (professor/aluno), onde o professor aprende enquanto ensina, por meio da escuta – ponto central de todo trabalho pedagógico.
“A Mostra Frutos da Transformação surgiu do desejo de compartilhar experiências de crianças protagonistas das suas aprendizagens em experiências que valorizam as Cem Linguagens, as diferentes capacidades e a subjetividade.”, destaca a coordenadora da Casa da Criança, Janaína Cristina Amadeu.
A Mostra foi realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, e recebeu uma média de 200 visitantes, entre educadores, professores, gestores e pessoal de apoio da rede pública de ensino, professores da rede particular, familiares, crianças e comunidade.
Realizada pela Casa da Criança com apoio e parceria do Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça, a mostra contou com a presença da presidente da Casa da Criança e fundadora do IORM, Josimara Ribeiro de Mendonça, da Conselheira da Casa e Coordenadora Geral do Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça – IORM, Maria Inês Marcório Guedes Moreira de Carvalho, do conselheiro da Casa e gerente Executivo do IORM, Rafael Albuquerque Braghiroli, além de parceiros do município de Ribeirão Preto e Campinas.
Formação de Educadores
O Percurso de Formação permanente constituído a partir de reflexões diárias e semanais com toda a equipe de profissionais da Casa da Criança, teve como ponto de partida a observação dos registros produzidos e as concepções de criança incorporadas no processo.
O caderno de atividades com planejamentos pré-formatados foi extinto e substituído pela experiência de observar, refletir, discutir, pensar e planejar o trabalho e a relação com as crianças, a partir das analises dos registros e escuta, em um processo participativo de construção do conhecimento.
Os ouvidos mais sensíveis à escuta, ampliaram o olhar do educador, ansioso por vivenciar e registrar experiências significativas do cotidiano e do trabalho com os pequenos grupos.
Os textos educativos convidam as crianças às descobertas, curiosidades e relações com os materiais e espaços. Ao mesmo tempo em que a prática educativa começa a se transformar, nas experiências planejadas ou inusitadas, que levam os educadores à deguirem as crianças.
Entre as diversas possibilidades de diálogos, estudos, trocas de experiências e vivências práticas, os educadores tiveram a oportunidade de compor, aprimorar e ampliar repertórios envolvendo conceitos como poética, sensível, metáfora, documentação pedagógica e projetação. Conceitos que compõem o processo de pesquisa, reflexão, debate, descoberta, se convertendo em uma postura pedagógica e forma de organizar a prática educativa.
“Parafraseando um poema de Fortunati destaco uma ideia de uma criança como ser incompleto, frágil e dependente, para um sujeito ativo, potente, competente, protagonista de seus processos de pesquisa e aprendizagem, artesão de sua experiência próximo e com o adulto, que nunca deixa de ser curioso e de estar aberto ao espanto e a maravilha de ter um mundo todo para explorar e descobrir.” , afirma Janaína.
As crianças investigam o tempo todo. No meio a tantas explorações e aprendizagens, foi necessário os educadores escolherem para apresentação um foco de observação e investigação, sustentado pelos indícios e interesses das crianças, durante o percursso investigativo realizado com o pequeno grupo, que culminou na História “O Gigante”, de autoria das crianças das turmas de maternal 2A e B. Produto este, de maior evidencia da Mostra “Frutos da Transformação”, que envolveu a pesquisa sobre a Semente e a Luz.
Sobre o Gigante, a Semente e a Luz
A publicação O Gigante, a Semente e a Luz surge após muitas construções e vivências do percurso pedagógico, através de um intenso diálogo entre as crianças das turmas do maternal 2A e B, educadores e equipe pedagógica, artistica e cultural.
Os registros fotográficos do processo educativo e as experiências subsidiaram a criação do “O Gigante”, de autoria das crianças. O percurso de investigação realizado com um dos pequenos grupos do maternal 2A, teve como norte a pergunta geradora “Para que serve a Semente”, revelando ao final do processo aprendizagens sobre O Ciclo da Germinação da Semente e a construção da História “O Gigante”.
As aprendizagens percorreram diversos tipos de sementes, com aprofundamento na semente do abacate, elemento que mais despertou o interesse e curiosidade das crianças, ampliando as possibilidades de entendimento do mundo e de si mesma, inventoras de um mundo em constante constituição.
A criação e imaginação de nossos pequenos inventores foram traduzidas nas páginas do livro “O Gigante”, que abarca também os conteúdos abordados no processo de investigação das crianças da turma do maternal 2B, com foco na pesquisa da Luz.
A investigação sobre a Luz Natural e Luz Artificial iniciou a partir da fala de uma criança que comparou a cor e a forma do maracujá com o Sol. Esse processo foi movido a partir da pergunta geradora “Aonde Mora o Sol”, que ao final revelou aprendizagens sobre a Luz Natural e a Luz Artificial.
As sementes, a terra, a água e a luz se misturam e se transformam no Gigante. Os conteúdos trabalhados revelam a potência da criança em relacionar todo o processo vivenciado com o Ciclo da vida humana, representados em suas falas e desenhos.
Dez aspectos revelam a importância da Mostra
- A valorização da potência da criança;
- A escuta sensível e ativa dos educadores;
- Cotidiano flexível, crianças e adultos que conversam, pensam, refletem, escrevem, desenham, pintam, investigam e encontram prazer em estarem juntos na escola;
- A Reinvenção dos espaços e relações;
- Estruturas de tempo, tamanho e natureza de agrupamentos e registros de pensamentos e ideias em palavras e outros meios, são analisados, selecionados e trabalhados, buscando uma experiência e aprendizagem com mais camadas e compartilhamento em um nível profundo;
- Entrelaçamento de linguagens;
- Pesquisa como prática educativa das crianças e recurso de formação dos educadores;
- Seguir as crianças, não os planos!!!
- Semente que vira fruto e fruto que vira semente.
- Sementes que transformam em frutos!! Frutos que transformam vida!!!
FICHA TÉCNICA “O GIGANTE”
Maternal II A
Crianças com idades de 3 anos e 10 meses
Autores:
Ana Lara dos Santos Souza
Júlio Cesar dos Santos Tizolim
Lívia Vitoria da Silva
Maytê Alicia Lima da Silva
Sofia Ulian Balinte
Maternal II B
Crianças com idades de 03 a 04 anos
Amábile Oliveira Brigo
Gabrielly Moreira de Oliveira
Heitor Raphael Ferreira Maróstica Souza
Ingrid Gabrielly Cordeiro Santana
Lorrainy aparecida Pessoa da Silva
Professoras
Luciane Aparecida Ribeiro Guedine
Cristina Martins Ferreira
Vivian Vinha
Educadoras
Luzia Aparecida Dias
Valquíria Barbeto
Coordenação Pedagógica
Valdice dos Reis Gelone
Najara Silva Vilela Passos
Juliana de Cássia Faria Croscato
Coordenação artística cultural
Valéria Pazeto
Diretora
Janaina Amadeu Silva
Assessor Artístico Pedagógico
José Cavalhero
Designer
André Costa
Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça Ano 2017
“Vivemos no mundo e por isso fazemos parte dele; vivemos com os outros seres vivos e, portanto, compartilhamos com eles o processo vital. Construímos o mundo em que vivemos durante nossas vidas. Por sua vez, ele também nos constrói ao longo dessa viagem comum.”
Humberto Maturana