Todos os membros do Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Diretoria da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça, de Ipuã, esteve reunida na noite de 18 de abril, atendendo a convocatória da Presidente da Instituição, Josimara Ribeiro de Mendonça. A missão foi a discussão de novos modelos de captação de recursos para intensificar as receitas da instituição, especialmente em um ano em que visando a captação de recursos atenuar o déficit orçamentário anual de R$ 134.872,02.
“Está claro que a Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça precisa mais do que nunca do nosso apoio. Neste último ano de 2018 a receita da Casa da Criança sofreu uma diminuição significativa: a Casa deixou de receber cerca de R$ 250 mil em recursos, devido à queda de arrecadação de doações através do Imposto de Renda, para os projetos apresentados ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Isso nos obriga a trabalhar ainda mais e melhor para manter o padrão de qualidade.”, destacou a presidente.
A coordenadora da Casa da Criança, Janaína Cristina Amadeu, ressaltou as ações e projetos desenvolvidos pela gestão da diretoria no ano de 2017.
“O Projeto Pedagógico da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça desde 2015, tem buscado inspiração na prática educativa de Reggio Emilia – Itália, abordagem reconhecida mundialmente, que rompe com os padrões tradicionais de educação, considerando a criança no centro do processo educativo . E essa abordagem tem nos inspirado a cada dia mais, fazendo acreditar que é possível uma educação que respeite e garanta o direito da criança à participação efetiva no processo de construção do conhecimento.”, destacou.
Ela enfatizou que a instituição cultiva diariamente a ideia de uma educação infantil dotada de princípios éticos, estéticos e políticos, que reconhece as crianças como agentes de mudança e transformação, estabelecendo com elas efetivamente uma relação de confiança para a construção de uma autonomia criativa.
“Acreditamos que a criança é definida pelo nosso modo de olhá-la e vê-la. No entanto, como vemos aquilo que conhecemos, a imagem da criança é aquilo que sabemos e aceitamos sobre as crianças. E essa imagem que temos sobre as crianças é que tem determinado a maneira de relacionarmos com elas, a maneira de elaborar nossas expectativas em relação a elas e ao mundo que somos capazes de construir para elas.
As crianças são protagonistas e buscam a realização através do diálogo e da interação com os outros, na vida coletiva das salas de aulas, da comunidade e da cultura, com os professores servindo como guias. Nessa perspectiva o papel do adulto é acima de tudo o de ouvinte, de observador e de alguém que entende a estratégia que as crianças usam em uma situação de aprendizagem.
Desempenha o papel de “distribuidor” de oportunidades; e é muito importante que a criança sinta que ele não é um juiz, mas um recurso ao qual pode recorrer quando precisa tomar emprestado um gesto, uma palavra.”, destacou Janaína.
Novos membros no Conselho Deliberativo
A reunião, presidida pelo conselheiro Itamar Romualdo e secretariada pelo gerente Executivo do Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça, Rafael Albuquerque Braghiroli também marcou a renúncia e a eleição de novos membros para o Conselho Deliberativo do período 2016 a 2019. A conselheira Maria Stela Paolielo Junqueira renunciou ao cargo de membro efetivo do conselho, por motivos particulares. A presidência da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça recebeu, também, comunicado oficial da renúncia do conselheiro efetivo Arnaldo Ribeiro da Silva e da conselheira suplente Vilma Aparecida Teodoro Sacardo.
Ambos passaram a ocupar funções públicas e não podem compatibilizar tais cargos públicos com o cargo de membro do Conselho da Casa da Criança por determinação da Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014 que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil.
Foram aprovados por unanimidade o preenchimento dos dois cargos de membro efetivo, pelas conselheiras suplentes Eda Maria Cunha de Andrade e Maria Inês Marcório Guedes Moreira de Carvalho. Os dois cargos de membros suplentes do Conselho Deliberativo passam a ser ocupados por José Antônio Batista e Walcídio Maranhão de Lima Junior. O preenchimento de um cargo de membro suplente do Conselho Fiscal por Marciel Mandrá Lima.
Como reconhecimento por toda a colaboração à Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça, o processo eleitoral foi encerrado com a entrega de lembranças em agradecimento pelo trabalho realizado durante suas permanências como membros do Conselho Deliberativo da instituição.
A coordenadora da Casa da Criança, Janaína Cristina Amadeu, ressaltou as ações e projetos desenvolvidos pela gestão da diretoria no ano de 2017.
Fábio Gracioli, contador responsável pela Casa da Criança apresentou o Balanço Geral do exercício de 2017 que foi aprovado por aclamação.
Homenagens e Emoção
Com 40 anos de atenção à infância de Ipuã, a Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça já é parte da vida profissional de muitas pessoas. Entre elas a educadora Vera Lucia de Oliveira e a colaboradora do setor de nutrição, Angela Maria de Almeida Rodrigues, que aposentaram-se recentemente e receberam homenagens da presidente da Casa da Criança Josimara Ribeiro de Mendonça e da vice-presidente, Juliana Rigolin Abrão de Mendonça. A vice- presidente da Casa da Criança esteve acompanhada pela filha Helena, que buscou muitas informações sobre o atendimento aos mais de 120 alunos da instituição.
Depois de visitar as salas de aula e convivência, sensibilizada pelo trabalho da Casa da Criança, Helena encaminhou seu bolo de aniversário para a instituição. As crianças deliciaram-se com o sabor.
Acesse a íntegra da fala da presidente da Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça
“Toda criança do mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo
Contra os rigores da vida.
Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.
Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os direitos das crianças
Todos têm de respeitar.”
“Esse é um breve poema da escritora Ruth Rocha. E ele dá conta de descrever tudo o que fazemos nesta Casa da Criança. E quando falo nós, incluo diretoria, Conselho, colaboradores, pais e mães, que agora estão mais e mais envolvidos em participar da vida de seus filhos nesta instituição.
Fala isso com grande ânimo e esperança, porque, mesmo ao defrontar com o déficit anunciado da Casa da Criança, acredito que fizemos tanto, e que isso precisa ser comemorado.
Vocês devem conhecer a parábola do copo. Pergunto a cada um de vocês, como você descreveria um copo que tem água pela metade: é um copo meio cheio ou um copo meio vazio?
Os otimistas dirão: o copo que tem água pela metade é meio cheio. Já os pessimistas dirão que esse mesmo copo é meio vazio.Minha opção de vida sempre foi enxergar o mundo como uma otimista realista.
E é isso que me faz querer superar os limites e avançar. Precisamos superar a cultura da falta. Falta isso, falta aquilo, não vamos conseguir. Nada disso, precisamos nos apegar na força de tudo o que fazemos, na importância de nossas ações para a vida das pessoas e, sobretudo nas potencialidades que carregamos dentro de nós, em nossa mente e em nosso coração.
São essas potencialidades que precisam transbordar como energia para o trabalho para o próximo.
A Casa da Criança precisa do apoio de cada um que está nesta sala. Assim, como para existir ela precisou do apoio de seu criador. A Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça nasceu de um sonho do Senhor Oswaldo, e fortalecer a sua capacidade de trabalhar pelas crianças é também uma forma de homenagear a sua memória.Acredito que algumas pessoas não conheçam a história: Ele resolveu construir a Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça, para assegurar às crianças de Ipuã, independentemente de sua classe social, o acesso à educação, ao lazer, que são direitos fundamentais de todo cidadão.
Depois de adquirir a primeira fazenda em Ipuã, que deu origem ao Grupo Colorado, caminhando pela periferia com o Prefeito, seo Oswaldo visitou uma casa em que havia uma criança sozinha. Ela estava amarrada a uma coleira nos pés da mesa e tinha um prato de comida ao lado, porque a mãe precisava trabalhar e não tinha com quem deixar seu filho. A criança estava fora da escola. Seguindo seu sonho, investiu recursos na construção e adquiriu equipamentos, transformando a Casa da Criança na primeira creche do Município de Ipuã, inaugurada há exatos 40 anos, no dia 16 de março de 1978.
Para provar que essa construção era tão importante para ele, deu o nome de sua mãe à nova creche, símbolo de amor e de cuidados para ele.Assim ele deixava claro para todos a sua responsabilidade de fazer desse lugar, uma referência para as crianças e as famílias de Ipuã. E foi exatamente isso que aconteceu: a Casa da Criança nasceu com a missão de ser um local seguro para que as mães trabalhadoras deixassem seus filhos. A cada dia trabalhamos para levar adiante esta obra.
Hoje, a Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça é responsável por mais de 40% das vagas de creche de Ipuã e conquistou o Prêmio Criança da Fundação Abrinq 2016, através do seu Projeto de Educação Integral para a Primeira Infância, se classificando entre os cinco projetos mais relevantes voltados à primeira infância no Brasil.
Em 2015, o mesmo projeto foi classificado entre os três melhores programas de Educação Infantil pela Fundação Itaú Social. Fomos muito longe. Trabalhamos com garra e pioneirismo. O Programa de Educação Integral para a Primeira Infância é inspirado na prática educativa de Reggio Emilia, da Itália, reconhecida mundialmente graças à sua eficiência na construção do conhecimento, a partir da teoria das 100 Linguagens do Educador Loris Malaguzzi e a pedagogia da escuta. A prática rompe com os padrões tradicionais de educação, colocando a criança no centro do processo educativo, a partir da investigação de seu meio.
Fazemos pelas crianças da Casa da Criança o que faríamos pelos nossos próprios filhos.Essa linda história não começa na nossa geração e nem termina aqui. Por isso temos o compromisso de transmiti-la aos nossos filhos. Num momento de tanto desvio ético e individualismo, é maravilhoso poder proporcionar lembranças que signifiquem um porto seguro de ética, de bem fazer e de compromisso com a comunidade. A Casa da Criança é um bem da comunidade de Ipuã e reside exatamente nisso toda a sua beleza.
Toda a região olha com carinho para a Casa da Criança, porque enxerga sua importância. E é nossa tarefa sensibilizar cada cidadão de Ipuã para que tome a Casa da Criança como uma joia que esta cidade possui. A participação de cada um de vocês sempre foi muito importante, mas agora ela é vital.
Muito obrigada”.